No templo valdense de Turim Francisco pediu perdão pelos comportamentos não cristãos



A unidade faz-se a caminho

 

Na manhã de segunda-feira 22, o Papa Francisco visitou o templo valdense de Turim situado na avenida «Vittorio Emanuele». Eis o texto do discurso pronunciado durante o encontro ecumênico. Queridos irmãos e irmãs É com grande alegria que hoje me encontro entre vós. Saúdo-vos a todos com as palavras do apóstolo Paulo: «A vós, que sois de Deus pai e do Senhor Jesus Cristo, paz e graça vos sejam dadas» (1 Ts 1, 1 — Tradução interconfessional em língua corrente). Saúdo em particular o Moderador da Mesa Valdense, Reverendo Pastor Eugenio Bernardini, e o Pastor desta comunidade de Turim, Reverendo Paolo Ribet, aos quais dirijo o meu sincero agradecimento pelo convite que tão gentilmente me fizeram. O cordial acolhimento que hoje me reservais faz-me pensar nos encontros com os amigos da Igreja Evangélica Valdense do Rio da Prata, dos quais pude apreciar a espiritualidade e a fé, e aprender muitas coisas boas. Um dos principais frutos que o movimento ecumênico já permitiu que se recolhesse ao longo destes anos foi a redescoberta da fraternidade que une todos os que acreditam em Jesus Cristo e foram batizados em seu nome. Este vínculo não se baseia em critérios simplesmente humanos, mas na partilha radical da experiência fundante da vida cristã: o encontro com o amor de Deus que se nos revela em Jesus Cristo e a ação transformadora do Espírito Santo que nos assiste no caminho da vida. A redescoberta desta fraternidade permite-nos compreender o laço profundo que já nos une, não obstante as diferenças. Trata-se de uma comunhão que ainda está a caminho — e a unidade constrói-se no caminho — uma comunhão que, com a oração, com a constante conversão pessoal e comunitária e com a ajuda dos teólogos, nós esperamos, confiantes na ação do Espírito Santo, que se possa tornar comunhão plena e visível na verdade e na caridade. A unidade que é fruto do Espírito Santo não significa uniformidade. Com efeito, os irmãos estão acomunados por uma mesma origem, mas não são idênticos entre eles. Isto está bem claro no Novo Testamento, onde, apesar de serem chamados irmãos todos os que compartilhavam a mesma fé em Jesus Cristo, é possível intuir que nem todas as comunidades cristãs, às quais pertenciam, tinham o mesmo estilo, nem uma idêntica organização interna. Até dentro da mesma pequena comunidade era possível distinguir diversos carismas (cf. 1 Cor 12-14) e no anúncio do Evangelho havia diversidades e, por vezes, contrastes (cf. Ac t 15, 36-40). Infelizmente, aconteceu e continua a acontecer que os irmãos não aceitem a sua diversidade e acabem por fazer guerra um contra o outro. Refletindo sobre a história das nossas relações, não podemos deixar de nos entristecer perante as contendas e as violências perpetradas em nome da própria fé, e peço ao Senhor que nos dê a graça de nos reconhecermos todos pecadores e de nos sabermos perdoar uns aos outros. É por iniciativa de Deus, o qual nunca se resigna diante do pecado do homem, que se abrem novos caminhos para viver a nossa fraternidade, e não podemos subtrair–nos a isto. Da parte da Igreja Católica, peço-vos perdão. Peço-vos perdão pelas atitudes e pelos comportamentos não cristãos, por vezes até desumanos que, na história, tivemos contra vós. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoai-nos! Portanto, estamos profundamente gratos ao Senhor ao constatar que as relações entre católicos e valdenses hoje estão cada vez mais fundadas no respeito recíproco e na caridade fraterna. Não foram poucas as ocasiões que contribuíram para tornar mais firmes estas relações. Penso citandos só alguns exemplos — também o reverendo Bernardini já o fez — na colaboração para a publicação em italiano de uma tradução interconfessional da Bíblia, nos acordos pastorais para a celebração do matrimônio e, mais recentemente, na redação de um apelo conjunto contra a violência contra as mulheres. Entre os muitos contactos cordiais em diversos contextos locais, onde se compartilham a oração e o estudo das Escrituras, gostaria de recordar o intercâmbio ecumênico de dons realizado, por ocasião da Páscoa, em Pinerolo, pela Igreja valdense de Pinerolo e pela Diocese. A Igreja valdense ofereceu aos católicos o vinho para a celebração da Véspera de Páscoa e a Diocese católica doou aos irmãos valdenses o pão para a Santa Ceia do Domingo de Páscoa. Trata se de um gesto entre as duas Igrejas que vai muito além da simples cortesia e que faz antegozar, de certa forma  aquela unidade da Mesa eucarística pela qual ansiamos. Encorajados por estes passos, somos chamados a continuar a caminhar juntos. A evangelização é um dos âmbitos nos quais se abrem amplas oportunidades de colaboração entre valdenses e católicos. Conscientes de que o Senhor nos precedeu e sempre nos precede no amor (1 Jo 4, 10), vamos juntos ao encontro dos homens e das mulheres de hoje, que por vezes parecem tão distraídos e indiferentes, para lhes transmitir o âmago do Evangelho, ou seja, «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Exort. apost. Evagelii gaudium, 23). Outro âmbito no qual podemos trabalhar cada vez mais unidos é o serviço à humanidade que sofre aos pobres, aos doentes, aos migrantes. Agradeço lhe pelo que disse sobre os migrantes. Da obra libertadora da graça em cada um de nós deriva a exigência de testemunhar o rosto misericordioso de Deus que cuida de todos e, em particular, de quem se encontra em estado de necessidade. A escolha dos pobres, dos últimos, de quantos estão excluídos da sociedade, aproxima-nos do próprio coração de Deus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9) e, por conseguinte, aproxima-nos mais uns dos outros. As diferenças sobre importantes questões antropológicas e éticas, que continuam a existir entre católicos e valdenses, não impedem que possamos encontrar formas de colaboração nestes e noutros âmbitos. Se caminharmos juntos, o Senhor ajudar-nos a viver aquela comunhão que precede todos os contrastes. Queridos irmãos e irmãs, agradeço-vos novamente este encontro, que gostaria nos confirmasse num modo novo de estarmos uns com os outros: olhando sobre tudo para a grandeza da nossa fé comum e da nossa vida em Cristo e no Espírito Santo, e só depois, para as divergências que ainda subsistem. Garanto-vos a minha recordação na oração e peço-vos, por favor, que rezeis por mim: preciso disso. O Senhor conceda a todos nós a sua misericórdia e a sua paz.

 

 

Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO – Ano XLVI- número 26 (2.369)- página 8, quinta-feira 25 de Junho de 2015,

 

Encontro com um grupo de católicos e budistas



Sementes de fraternidade e paz

 

 Antes da audiência geral, o Papa recebeu, no espaço adjacente à Sala de Paulo VI, os participantes no encontro entre budistas e católicos dos Estados Unidos da América, a decorrer em Castel Gandolfo sobre o tema: «Sofrimento, libertação e fraternidade». Quem os acompanhou foi o cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso. O encontro foi promovido inclusive pelo movimento dos Focolares e pela comissão para o ecumenismo e o diálogo da Conferência episcopal dos EUA. Os trabalhos foram inaugurados a 23 de Junho e concluir se no dia 27. «Agradeço-vos — disse Francisco ao saudá-los — esta visita que é muito apreciada por mim, visita de fraternidade, de diálogo e também de amizade. E isto faz bem, é saudável. Neste momento histórico tão ferido por guerras e ódio, estes pequenos gestos são sementes de paz e de fraternidade. Agradeço-vos muito, o Senhor vos abençoe».

 

 

 Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO-Ano XLVI- página 20, quinta-feira 25 de Junho de 2015, número 26(2.369)

MENSAGEM PARA O MÊS DO RAMADAN



Cristãos e Muçulmanos: 
não à violência em nome da religião

Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO - Ano XLVI- página 16,  quinta-feira 25 de Junho de 2015, número 26(2.369)

 

Queridos irmãos e irmãs muçulmanos

É-me grato dirigir-vos, quer em nome dos católicos do mundo inteiro, quer pessoalmente, os melhores votos por uma serena e jubilosa celebração de ‘Id al-Fitr. No mês de Ramadan respeitastes muito as práticas religiosas e sociais, como o jejum, a oração, a esmola, a ajuda aos pobres, as visitas aos familiares e amigos.

Espero e rezo para que os frutos destas boas obras possam enriquecer a vossa vida!

Para alguns de vós, assim como para outros pertencentes às diversas comunidades religiosas, a recordação dos próprios entes queridos, que perderam a vida e os seus bens ou sofreram física, mental e até espiritualmente por causa da violência, lança uma sombra sobre a alegria da festa. Comunidades étnicas e religiosas em numerosos países do mundo padeceram sofrimentos enormes e injustos: o assassinato de alguns dos seus membros, a destruição do seu patrimônio cultural e religioso, emigração forçada das suas casas e cidades, moléstias e estupros das suas mulheres, escravização de alguns dos seus membros, tráfico de seres humanos, comércio de órgãos, e até venda de cadáveres!

Estamos todos cientes da gravidade destes crimes. Todavia, o que os torna ainda mais hediondos é a tentativa de os justificar em nome da religião. Trata-se de uma clara manifestação da instrumentalização da religião para obter poder e riqueza.

Seria supérfluo dizer que quantos são responsáveis pela segurança e pela ordem pública têm também o dever de proteger as pessoas e as suas propriedades da violência cega dos terroristas. Por outro lado, há também a responsabilidade daqueles que têm a tarefa da educação: as famílias, as escolas, os textos escolares, os líderes religiosos, o discurso religioso, os meios de comunicação. A violência e o terrorismo nascem primeiro na mente das pessoas desviadas, sucessivamente são perpetradas em concreto.

Todos aqueles que estão concernidos na educação dos jovens e nos vários âmbitos educativos deveriam ensinar o caráter sagrado da vida e a dignidade que dela deriva para cada pessoa, independentemente da sua etnia, religião, cultura, posição social ou escolha política. Não existe uma vida que seja mais preciosa do que outra devido à sua pertença a uma específica raça ou religião. Portanto, ninguém pode matar. Ninguém pode matar em nome de Deus; isto seria um duplo crime: contra Deus e contra a própria pessoa.

Não pode existir ambigüidade alguma na educação. O futuro de uma pessoa, de uma comunidade e da humanidade inteira não pode ser construído sobre esta ambigüidade ou verdade aparente. Cristãos e muçulmanos, cada um segundo a respectiva tradição religiosa, olham para Deus e relacionam-se com Ele como a Verdade. A nossa vida e o nosso comportamento na qualidade de crentes deveria refletir esta convicção.

Segundo são João Paulo II, cristãos e muçulmanos têm «o privilégio da oração» (Discurso aos Chefes Religiosos Muçulmanos, Kaduna, Nigéria, 14 de Fevereiro de 1982). Há uma grande necessidade da nossa oração: pela justiça, pela paz e segurança no mundo; por quantos se afastaram do caminho certo da vida e cometeram violência em nome da religião, a fim de que possam voltar a Deus e mudar a sua vida; pelos pobres e doentes.

Aliás, as nossas festas alimentam em nós a esperança para o presente e para o futuro. É com esperança que olhamos para o futuro da humanidade, em particular quando fazemos o melhor que podemos para que os nossos sonhos legítimos se tornem realidade.

Juntamente com o Papa Francisco, desejamo-vos que os frutos do Ramadan e a alegria de ‘Id al-Fitr possam trazer paz e prosperidade, favorecendo o vosso crescimento humano e espiritual.

Boas festas a todos vós!

Vaticano, 12 de Junho de 2015

 

Jean-Louis Cardinale Tauran
Presidente

 

Padre Miguel Ángel Ayuso Guixot, M.C.C.I.
Secretário

Francisco falou dos conflitos na Terra Santa e no Médio Oriente e pediu a judeus e católicos um compromisso comum



A Paciência da paz

Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO número 27, quinta-feira 2 de Julho de 2015  página 3 (2.370)

A paz não deve ser somente «desejada», mas também «procurada e construída com paciência e tenacidade», afirmou o Santo Padre Francisco dirigindo-se aos membros de uma delegação da B’nai B’rith international, recebidos em audiência na manhã de 25 de Junho na sala dos Papas. Foram estas as palavras do Pontífice. Caros amigos! É-me grato saudar-vos, por ocasião desta visita ao Vaticano. Os meus predecessores receberam delegações da B’nai B’rith international em diversas oportunidades, e hoje sou eu que vos dou as boas-vindas, com cordialidade renovada e cheia de respeito. A vossa organização mantém contactos com a Santa Sé desde que foi promulgada a Declaração conciliar Nostra Aetate, que constituiu um marco miliário ao longo do caminho de conhecimento recíproco e de estima entre judeus e católicos, tendo como fundamento o grandioso patrimônio espiritual de que, graças a Deus, dispomos em comum. Considerando estes cinquenta anos de história do diálogo sistemático entre a Igreja católica e o judaísmo, não posso deixar de dar graças ao Senhor por tantos progressos alcançados. Foram empreendidas numerosas iniciativas de conhecimento recíproco e de diálogo; acima de tudo, desenvolveu-se um sentido de confiança e estima mútuas. São muitos os campos em que nós, judeus e cristãos, podemos continuar a trabalhar juntos em prol do bem da humanidade do nosso tempo. O respeito pela vida e pela criação, a dignidade humana, a justiça e a solidariedade podem ver-nos unidos, em benefício do desenvolvimento da sociedade e para assegurar um porvir rico de esperança para as gerações vindouras. De maneira particular, somos chamados a rezar e a trabalhar juntos pela paz. Infelizmente, são numerosos os países e as regiões do mundo que vivem numa situação de conflito — penso de modo particular na Terra Santa e no Médio Oriente — e que exigem um compromisso intrépido a favor da paz: ela não deve ser somente desejada, mas procurada e construída com paciência e tenacidade, com a participação de todos, de forma especial dos c re n t e s . Neste momento, juntamente convosco, gostaria de recordar com sincero reconhecimento todos aqueles que trabalharam pela amizade entre judeus e católicos. Em particular, desejo mencionar São João XXIII e são João Paulo II. O primeiro salvou numerosos judeus durante a segunda guerra mundial, encontrou-se com eles muitas vezes e desejou vigorosamente um documento conciliar sobre este tema; do segundo permanecem sempre vivos na nossa memória alguns gestos históricos, como as visitas a Auschwitz e ao templo maior de Roma. Seguindo os seus passos, se Deus quiser, desejo continuar a caminhar animado também por muitas experiências positivas de encontro e de amizade que já vivi em Buenos Aires. Que o Todo-Poderoso e Eterno abençoe copiosamente o nosso diálogo, sobretudo durante este ano em que se celebra o cinquentenário da Nostra Aetate, a fim de que a nossa amizade se desenvolva cada vez mais e dê frutos abundantes para as nossas comunidades e para toda a família humana. Obrigado!

Papa Francisco: “A divisão entre os cristãos é um escândalo”



O Papa recebeu uma delegação da Igreja Evangélica-Luterana da Suécia, presidida pela arcebispa Antje Jackelen. No dia 4 de maio de 2015

No caminho para a unidade plena e visível na fé, a vida sacramental e o mistério eclesial, ainda há muito trabalho a ser feito, mas “podemos ter certeza de que o Espírito Paráclito sempre será luz e força para o ecumenismo espiritual e para o diálogo teológica”. Assim falou o Santo Padre Francisco na manhã de hoje, em seu encontro com a Sra. Antje Jackelen, arcebispa luterana de Upsala, com uma delegação da Igreja evangélica-luterana da Suécia.

Como disse o Papa, no ano passado se celebrou o 50º aniversário do Decreto sobre o Ecumenismo no Vaticano II, Unitatis Redintegratio, “que representa ainda hoje o ponto de referência fundamental para o compromisso ecumênico da Igreja católica”. E isso convida todos os fieis católicos “a começar, reconhecendo os sinais dos tempos, o caminho da unidade para superar a divisão entre os cristãos, que não só se opõe à vontade de Cristo, mas que é também um escândalo para o mundo e prejudica a causa mais santa: a pregação do Evangelho a toda criatura”.

Irmãos e irmãs na fé e não adversários ou concorrência, disse o Santo Padre. “Católicos e luteranos são chamados a buscar e promover a unidade nas dioceses, nas paróquias, nas comunidades de todo o mundo”.

Francisco disse que o chamado à unidade, no seguimento do Senhor Jesus Cristo “implica também uma forte exortação ao compromisso comum no nível da caridade, em favor de todos aqueles que sofrem no mundo por causa da miséria e da violência, e precisam de forma particular da nossa misericórdia”, especialmente – especificou o Papa – o testemunho de nossos irmãos e irmãs perseguidos nos leva a crescer na comunhão fraterna.

Por outro lado, o Papa observou que é urgente hoje, “a questão da dignidade da vida humana, que deve ser sempre respeitada”, como também “as temáticas sobre a família, o matrimônio e a sexualidade que não podem ser silenciadas ou ignoradas por medo de colocar em risco o consenso ecumênico já alcançado”.

O Papa agradeceu a visita e mostrou a esperança para que sejam reforçadas as colaborações entre luteranos e católicos. Finalmente agradeceu a Igreja luterana “pela acolhida de tantos imigrantes da América do Sul em tempo de ditadura. Acolhida fraterna que fez crescer as famílias”.

 

Palavras do Papa Francisco à delegação do Conselho Mundial de Igrejas – 07/03/2014



Querido irmão,

Distintos responsáveis pelo Conselho Ecumênico de Igrejas,

 

Desejo dar a todos as boas vindas. Agradeço ao Rev. Tveit pelas palavras que me dirigiu e por ter-se feito intérprete dos vossos sentimentos. Este encontro marca um importante capítulo das longas e proveitosas relações entre a Igreja Católica e o Conselho Ecumênico de Igrejas. O Bispo de Roma é grato pelo serviço que vocês prestam pela causa da unidade entre os que acreditam em Cristo.

Desde o início, o Conselho Ecumênico das Igrejas ofereceu uma grande contribuição em formar a sensibilidade de todos os cristãos acerca do fato de que as nossas divisões representam um obstáculo pesado ao testemunho do Evangelho no mundo. Essas não são aceitas com resignação, como se fossem simplesmente um componente inevitável da experiência histórica da Igreja. Se os cristãos ignoram o chamado à unidade dirigida a eles pelo Senhor, arriscam ignorar o próprio Senhor e a salvação por Ele oferecida através do seu Corpo, a Igreja: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4, 12).

As relações entre a Igreja Católica e o Conselho Ecumênico das Igrejas, desenvolvidas a partir do tempo do Concílio Vaticano II, fizeram com que, superando as incompreensões recíprocas, pudéssemos alcançar uma sincera colaboração ecumênica e uma crescente “troca de dons” entre as diversas comunidades. O caminho para a comunhão plena e visível é um caminho que resulta ainda hoje árduo e em crescimento. O Espírito, porém, convida-nos a não ter medo, a seguir adiante com confiança, a não nos contentarmos com progressos que pudemos experimentar nestas décadas.

Neste caminho é fundamental a oração. Somente com o espírito de oração humilde e insistente se poderá ter a necessária clarividência, o discernimento e as motivações para oferecer o nosso serviço à família humana, em todas as suas fraquezas e as suas necessidades, sejam espirituais ou materiais.

Queridos irmãos, asseguro-vos a minha oração a fim de que, durante o vosso encontro com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, seja possível identificar o modo mais eficaz para progredir juntos neste caminho. Possa o Espírito do Senhor apoiar cada um de vós e as vossas famílias, os vossos colegas do Conselho Ecumênico de Igrejas e todos aqueles que têm no coração a promoção da unidade. Rezem também vocês por mim, a fim de que o Senhor me conceda ser dócil instrumento de sua vontade e servo da unidade. A paz e a graça do Senhor vos acompanhe.

Papa: “o testemunho cristão sofre por causa das nossas divisões”



Mensagem do Santo Padre por ocasião do 50º aniversário do Grupo Misto de Trabalho entre a Igreja Católica e o Conselho Mundial de Igrejas

Por Redação

Roma, 24 de Junho de 2015 (ZENIT.org)

O papa Francisco enviou uma mensagem ao Secretário Geral do World Council of Churches, o pastor Olav Fykse Tveit, por ocasião do quinquagésimo aniversário do Grupo Misto de Trabalho entre a Igreja Católica e essa instituição. A carta do Santo Padre foi lida pelo Cardeal Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, durante um congresso comemorativo no Centro Pro Unione de Roma.

Na carta, Francisco diz que este aniversário é “uma ocasião para agradecer a Deus por todas as conquistas do movimento ecumênico em seus cem anos de existência, inspirado pelo desejo da unidade que Cristo quis para o seu corpo, a Igreja, e pelo sentido cada vez mais forte do escândalo da divisão entre os cristãos”.

Como recorda o Papa, desde a sua inauguração em 1965, o Grupo Misto de Trabalho dedicou-se “não só a questões ecumênicas”, mas também de “diálogo inter-religioso e questões relativas à paz e à justiça social, bem como de obras de caridade e de ajuda humanitária”.

Por outro lado, diz que o grupo não deve ser um fórum auto-referencial, mas cada vez mais um “laboratório de ideias”, aberto a todas as “oportunidades e desafios que a Igreja enfrenta hoje em sua missão de acompanhar a humanidade sofredora em seu caminho rumo ao Reino, incutindo na sociedade e na cultura as verdades e os valores do Evangelho”.

Também observa que a orientação do Grupo Misto de Trabalho deve ser a de “abordar as preocupações reais das igrejas ao redor de todo o mundo”. Desta forma, acrescenta, “não só poderá propor com mais eficácia formas de colaboração que as aproximem, mas certificar-se de oferecer uma diakonia adequada às necessidades das pessoas”.

No cumprimento dessa tarefa, o Grupo Misto de Trabalho elaborou nove relatórios que atestam uma compreensão e uma cada vez mais forte valorização dos laços de fraternidade e de reconciliação que, no contexto da evolução do panorama do cristianismo no mundo moderno, apoiam os cristãos no seu testemunho comum e na sua missão evangelizadora.

“Judeus e cristãos: não mais estranhos, mas amigos e irmãos” Francisco recebe em audiência os participantes da conferência internacional que celebra os 50 anos da Nostra Aetate



Cidade do Vaticano, 30 de Junho de 2015

O 50º aniversário da declaração Nostra Aetate oferece uma nova oportunidade para um balanço das relações entre judeus e cristãos, que, especialmente em Roma, já duram dois mil anos, embora “não tenham faltado tensões no curso da história”.

O papa Francisco fez essas observações ao receber em audiência cerca de 250 participantes da conferência internacional realizada em Roma pelo Conselho Internacional de Cristãos e Judeus, de 28 de junho a 1º de julho, abordando “Passado, Presente e Futuro das Relações entre Cristãos e Judeus”.

Foi a partir do Concílio Vaticano II, em particular com a Nostra Aetate, que a Igreja disse um “sim” definitivo às raízes judaicas do cristianismo e enfatizou o “não” ao antissemitismo. Neste 50º aniversário, nós podemos “olhar para os seus ricos frutos e fazer com gratidão um balanço do diálogo católico-judaico”, disse o papa, destacando que devemos “expressar o nosso agradecimento a Deus por todo o bem que foi alcançado em termos de amizade e de compreensão mútua nestes últimos 50 anos”.

“A nossa fragmentação humana, a nossa desconfiança e o nosso orgulho foram superados graças ao Espírito de Deus Todo-Poderoso, para que entre nós crescesse mais e mais a confiança e a fraternidade. Não somos mais estranhos, mas sim amigos e irmãos, porque confessamos, ainda que com perspectivas diferentes, o mesmo Deus, Criador do universo e Senhor da história. E Ele, na sua infinita bondade e sabedoria, sempre abençoa o nosso compromisso com o diálogo”.

Além disso, “todos os cristãos têm raízes judaicas”, lembrou Francisco. Por isso, “desde a sua criação, o Conselho Internacional de Cristãos e Judeus acolheu as diversas confissões cristãs”, que “encontram a sua unidade em Cristo. O judaísmo encontra a sua unidade na Torá. Os cristãos crêem que Jesus Cristo é o Verbo de Deus feito carne no mundo; para os judeus, a Palavra de Deus está presente principalmente na Torá. Ambas as tradições de fé têm base no Único Deus, o Deus da Aliança, que se revela aos homens por meio da Sua Palavra”.

Religiões se reúnem para pedir paz



Por Fernando Geronazzo
“Em nome de Deus, Paz!” Esta foi a prece elevada por cristãos, judeus e muçulmanos reunidos na Catedral da Sé na tarde deste domingo, 7, para um encontro inter-religioso pela paz no Oriente Médio e no mundo.

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‘A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, a cada ano, é surpreendente no sentido positivo’



Em entrevista ao O SÃO PAULO, o cônego José Bizon, responsável pela Comissão do Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo e diretor da Casa da Reconciliação, afirmou que “a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, a cada ano, é surpreendente no sentido positivo”. Segundo ele, os encontros de oração, que ocorreram durante a Semana, entre duas ou mais denominações cristãs “aproximaram, ajudaram a quebrar preconceitos e fizeram com que testemunhássemos que Cristo não está dividido, mas que a divisão entre nós, cristãos, fere a integridade do Cristo”.

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