Diálogo Inter-religioso



1. O QUE É

  •  É o processo de entendimento mútuo entre diferentes tradições religiosas;
  • É uma comunicação e um compartilhar de vida, visão e reflexão por fiéis de religiões diferentes na busca de descobrir, juntos, o trabalho do espírito entre eles;
  • É estar disposto a apresentar questões e ser questionado;
  • É um relacionamento entre fiéis que estão comprometidos com a sua própria fé e enraizados nela, mas abertos ao outro fiel e ao Espírito no contexto da origem e fins comuns;
  • É estar pronto a clarificar e a modificar pontos de vista pessoais, deixando-se guiar pelo amor autêntico à verdade;
  • É para todos: leigos, teólogos e monges;
  • É o diálogo mantido com todos os que admitem Deus e que guardam, em suas tradições, preciosos elementos religiosos e humanos.

2. DISPOSIÇÕES

  • Compreensão mútua: dissipa preconceitos e promove conhecimento e apreciação comuns;
  • Enriquecimento mútuo: busca integrar nas pessoas os valores e as experiências características de outros fiéis;
  • Comprometimento comum: testemunho e promoção de valores humanos e espirituais como paz, respeito à vida humana, dignidade humana, igualdade, justiça, liberdade religiosa, através da oração, da ação conjunta, da experiência religiosa compartilhada…

3. FORMAS

  • Diálogo da Vida: espírito de abertura e de boa vizinhança; partilha de vida: alegrias e tristezas; problemas e soluções; conquistas e preocupações;
  • Diálogo das obras: colaboração em vista do desenvolvimento integral e da libertação das pessoas.
  • Diálogo dos intercâmbios teológicos: trata-se do estudo de peritos para um aprofundamento da compreensão das suas respectivas heranças religiosas, em vista da apreciação dos valores espirituais uns dos outros.
  • Diálogo da experiência religiosa: partilha de riquezas espirituais das diferentes tradições religiosas, no que se refere à oração, à contemplação, à fé e aos caminhos de busca de Deus e do Absoluto.

4. EXIGÊNCIAS

  • Equilíbrio: não ser ingênuos nem críticos demais, mas abertos e acolhedores. O diálogo requer vontade de se empenhar em conjunto, a serviço da verdade e prontidão em se deixar transformar pelo encontro;
  • Convicção religiosa: a sinceridade do diálogo inter-religioso exige que se entre nele com a integridade da própria fé, considerando as convicções e os valores dos outros abertamente.
  • Abertura à verdade: mantendo intata a sua identidade, se dispor a aprender e a receber dos outros e por intermédio deles os valores positivos das suas tradições. Abertura para vencer antigos preconceitos e rever idéias preconcebidas, purificando sua própria fé.

Mediante o diálogo, os cristãos e membros de outros credos são convidados a aprofundar o seu empenho religioso e a responder, com crescente sinceridade, ao apelo pessoal de Deus e ao dom gratuito que ele faz de si mesmo, dom que sempre passa através da mediação de Jesus Cristo e da obra do seu Espírito, conforme proclama a fé cristã.

O diálogo inter-religioso permitiu à Igreja compartilhar com outros os valores evangélicos. É por isso que, apesar das dificuldades, o empenho da Igreja no diálogo se mantém firme e irreversível.
O diálogo não seria fecundo, se não incluísse também um verdadeiro respeito por toda pessoa para que possa aderir livremente à sua própria religião.

A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todas as pessoas de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade.

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