Líderes religiosos participam da celebração da Páscoa Judaica
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Redação com o jornal O São Paulo – Edição 3001 – 6 a 12 de maio de 2014
A resistência é grande, mas as religiões, a cada dia, procuram estreitar os laços do respeito mútuo em favor do diálogo. Uma constante tentativa para libertar a humanidade do egocentrismo religioso.
Mesmo que timidamente, diversas denominações religiosas têm partilhado umas com as outras, suas tradições. Como aconteceu na noite de terça-feira, 29, na Paróquia Cristo Rei, na Região Episcopal Belém, onde cristãos, muçulmanos, espíritas e budistas celebraram com os judeus o Pessach (Passagem) – a Páscoa Judaica – festa que lembra a libertação do povo hebreu, que era mantido como escravo no Egito antigo.
Cônego José Bizon, responsável pela Comissão do Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese de São Paulo e diretor da Casa da Reconciliação, explicou ao O SÃO PAULO que no Pessach judaico recorda-se o cordeiro imolado, com cujo sangue foram marcadas as portas dos israelitas. Já na Páscoa cristã, o cordeiro imolado é Jesus Cristo, “aquele que tira o pecado do mundo e que dá a vida”.
Ao ser questionado se a liberdade religiosa ainda vive um momento de escravidão, Raul Meyer, presidente do Centro da Cultura Judaica (CCJ), disse que “existem pessoas em diversas religiões que acham que só eles têm o dom da verdade. São radicais, que acham que a religião deles é a única que vale. Isto frustra a ideia divina de que todos os seres humanos sejam iguais”. E falou mais: “Não vivemos em época de escravidão, mas ainda falta que cada um se liberte da sua escravidão individual”.
Para o Sheik Houssam El Boustani, diretor do Departamento Religioso do Instituto Futuro, há uma tentativa de difamação da religião islâmica, principalmente por parte da imprensa, que insiste em destacar fatos isolados sobre uma “meia dúzia” de seguidores, que interpretam erroneamente os ensinamentos do Islã. “Ninguém pode manchar a Palavra de Deus, ninguém! Podem tentar, mas alcançar, nunca!”. E concluiu: “Peço a Deus que ilumine a mente, o coração, o espírito e o caminho dessas pessoas para encontrarem a verdadeira Palavra de Deus Altíssimo”.
Se desde o êxodo os judeus celebram sua libertação da escravidão, as religiões ainda buscam libertar-se para o diálogo, em busca de uma sociedade fraterna, de acordo com a sua fé. Cônego Bizon acredita que “o diálogo inter-religioso dá pequenos passos. Encontra resistência de todos os segmentos das religiões monoteístas. Há pessoas de boa vontade que se dedicam a esse trabalho, mas existe, sim, a intolerância de um contra o outro, em todo o mundo”.
FONTE: Arquidiocese de São Paulo