Francisco falou dos conflitos na Terra Santa e no Médio Oriente e pediu a judeus e católicos um compromisso comum
A Paciência da paz
Fonte: L’OSSERVATORE ROMANO número 27, quinta-feira 2 de Julho de 2015 página 3 (2.370)
A paz não deve ser somente «desejada», mas também «procurada e construída com paciência e tenacidade», afirmou o Santo Padre Francisco dirigindo-se aos membros de uma delegação da B’nai B’rith international, recebidos em audiência na manhã de 25 de Junho na sala dos Papas. Foram estas as palavras do Pontífice. Caros amigos! É-me grato saudar-vos, por ocasião desta visita ao Vaticano. Os meus predecessores receberam delegações da B’nai B’rith international em diversas oportunidades, e hoje sou eu que vos dou as boas-vindas, com cordialidade renovada e cheia de respeito. A vossa organização mantém contactos com a Santa Sé desde que foi promulgada a Declaração conciliar Nostra Aetate, que constituiu um marco miliário ao longo do caminho de conhecimento recíproco e de estima entre judeus e católicos, tendo como fundamento o grandioso patrimônio espiritual de que, graças a Deus, dispomos em comum. Considerando estes cinquenta anos de história do diálogo sistemático entre a Igreja católica e o judaísmo, não posso deixar de dar graças ao Senhor por tantos progressos alcançados. Foram empreendidas numerosas iniciativas de conhecimento recíproco e de diálogo; acima de tudo, desenvolveu-se um sentido de confiança e estima mútuas. São muitos os campos em que nós, judeus e cristãos, podemos continuar a trabalhar juntos em prol do bem da humanidade do nosso tempo. O respeito pela vida e pela criação, a dignidade humana, a justiça e a solidariedade podem ver-nos unidos, em benefício do desenvolvimento da sociedade e para assegurar um porvir rico de esperança para as gerações vindouras. De maneira particular, somos chamados a rezar e a trabalhar juntos pela paz. Infelizmente, são numerosos os países e as regiões do mundo que vivem numa situação de conflito — penso de modo particular na Terra Santa e no Médio Oriente — e que exigem um compromisso intrépido a favor da paz: ela não deve ser somente desejada, mas procurada e construída com paciência e tenacidade, com a participação de todos, de forma especial dos c re n t e s . Neste momento, juntamente convosco, gostaria de recordar com sincero reconhecimento todos aqueles que trabalharam pela amizade entre judeus e católicos. Em particular, desejo mencionar São João XXIII e são João Paulo II. O primeiro salvou numerosos judeus durante a segunda guerra mundial, encontrou-se com eles muitas vezes e desejou vigorosamente um documento conciliar sobre este tema; do segundo permanecem sempre vivos na nossa memória alguns gestos históricos, como as visitas a Auschwitz e ao templo maior de Roma. Seguindo os seus passos, se Deus quiser, desejo continuar a caminhar animado também por muitas experiências positivas de encontro e de amizade que já vivi em Buenos Aires. Que o Todo-Poderoso e Eterno abençoe copiosamente o nosso diálogo, sobretudo durante este ano em que se celebra o cinquentenário da Nostra Aetate, a fim de que a nossa amizade se desenvolva cada vez mais e dê frutos abundantes para as nossas comunidades e para toda a família humana. Obrigado!