Simpósio de Formação Ecumênica 2021 – Reflete Sobre As Pontes de Diálogo Entre diferentes Igrejas e confissões Religiosas
Durante os dias 29 e 30 de janeiro ocorreu, via plataforma Zoom, o tradicional Simpósio Ecumênico organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento contou com a colaboração do setor de Tecnologia da Informação da entidade.
Com a participação de 205 pessoas, entre agentes de pastoral (leigos e leigas, religiosas, padres, diáconos e bispos), incluindo membros de diferentes igrejas cristãs e tradições religiosas, o Simpósio refletiu sobre o objetivo definido a partir do tema: “Desconstruindo muros e construindo pontes: olhares a partir da Carta Encíclica Fratelii Tutti e da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021″.
O bispo de Cornélio Procópio (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, dom Manoel João Francisco, na abertura, destacou os aspectos norteadores do ecumenismo e diálogo inter-religioso. O maestro José Luis Manrique presenteou os participantes com o devocional da manhã que contemplava uma abordagem reflexiva e musical com base no Hino da CFE 2021 e Oração de São Francisco de Assis.
Veja mais.
site da CNBB;
Campanha da Fraternidade 2021
CFE 2021: CASA DA RECONCILIAÇÃO, EM SP, É UM CENTRO IRRADIADOR DE DIÁLOGO E AMIZADE SOCIAL ENTRE DIFERENTES RELIGIÕES
Desafios atuais
Sobre as recentes polêmicas em torno do texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica, o padre, que também é coordenador da Equipe de Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso do Regional Sul 1 da CNBB, mestre em Ecumenismo e autor de sete livros, disse que a intolerância, o fanatismo e o fundamentalismo religioso são hoje os grandes desafios colocados à promoção da amizade social entre diferentes igrejas cristãs e credos religiosos. “Tem pessoas que acreditam estarem mais certas do que a verdade e escancaram o seu ódio nas mídias sociais”, disse.
Leia artigo na Integra no site da CNBB . Link abaixo
Dia Mundial de Oração – 2021
Dia Mundial de Oração – 2021
“Construir sobre um firme fundamento”
Estudo bíblico – Mateus 7.24-27
Visite o site abaixo: https://dmoracao.comunidades.net/index.php
Semana de oração pela Unidade dos Cristãos 2020
Semana de Oração Pela Unida de 24 a 31 de Maio de 2020
O cartaz deste de 2020 foi enviado pela Lílian Santos Gomes, moradora de Porto Alegre-RS. Encontra-se no site do Conic.
Tribunal de Contas da União Realiza Cerimônia Inter-Religiosa de encerramento de 2019
TCMSP realiza Cerimônia Inter-Religiosa de encerramento de 2019Notícias 11/12/2019 14:00 2 DIAS ATRÁS
Na terça-feira, 10 de dezembro, foi realizada no Plenário Paulo Planet Buarque do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) a cerimônia Inter-Religiosa de encerramento de 2019. O encontro reuniu o dirigente espírita Carlos Alberto Pinto, do Centro Espírita Recomeço; o pastor Emanuel Rubens de Carvalho, da Igreja Batista Boas Novas; a monja Heishim, do Templo Zen do Brasil; o padre José Bizon, da Casa da Reconciliação; o sheik Jihad Hammadeh, vice-presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas; e a sacerdotisa da Religião de Matriz Africana do Ilê Olá Omi Assei Opo Araka – Ilé de Candomblé, Mãe Carmen – Iyalorixá Carmen de Oxum.
Após a abertura da cerimônia, realizada pelo Coral do TCMSP, sob a regência do maestro William Guedes, a palavra foi dada ao dirigente espírita Carlos Alberto Pinto, que iniciou sua fala lembrando que, há 71 anos, é celebrada a Declaração Universal dos Direitos Humanos como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações.
Carlos Alberto lembrou que, na verdade, a proteção universal dos direitos humanos iniciou-se quando Moisés recebeu no Monte Sinai a primeira relação dos direitos e deveres: os Dez Mandamentos. “Porém, há mais de dois mil anos, Jesus resumiu tudo isso nas seguintes palavras: ‘Amai a Deus sobre todas as coisas, e o próximo como a ti mesmo’”, lembrou o dirigente do Centro Espírita Recomeço. Enfatizando que o Brasil é o país com mais seguidores católicos, evangélicos, espíritas e umbandistas, Carlos Alberto questionou: “Será por acaso? Ou há algo especial reservado para nós? Não existe acaso na lei divina”. Finalizando sua manifestação, destacou: “Quando o verdadeiro amor preencher o nosso ser na sua totalidade, quando deixarmos de julgar os nossos semelhantes e quando as diferenças entre nós, em todos os sentidos, deixarem de existir, quando colocarmos a preocupação com o outro antes da preocupação conosco, então, o ódio, o racismo, o preconceito, o desdém, a inveja e a cobiça deixarão de dominar o nosso ser. E, finalmente, poderemos viver como irmãos, nos ajudando, uns aos outros sem rancor”.
A indagação “qual o valor do ser humano?” conduziu a mensagem deixada pelo pastor Emanuel Rubens de Carvalho, da Igreja Batista Boas Novas. Para responder à questão, o pastor citou trecho do Evangelho contido em João, capítulo 3, versículo 16, que diz: “Porque Deus amou tanto o mundo, a humanidade, o ser humano, que entregou seu único filho para todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Com essa visão bíblica, o pastor reforça que o ser humano vale tanto quanto a vida do filho de Deus. Segundo as palavras do pastor, o desafio da humanidade é, portanto, amar como Deus nos amou, “entregando a vida do seu filho em nome do amor ao ser humano”, acrescentou. Ao concluir sua mensagem, assegurou que “quando conseguirmos seguir o exemplo de amor deixado por Deus, o sonho de um mundo mais justo e com respeito ao ser humano se tornará uma realidade”.
A Monja Heishim, do Templo Zen do Brasil, iniciou sua fala contando sobre a busca do indiano Sidarta Gautama, o Buda, pelo sentido da vida. Explicou que Buda, que em sânscrito significa “o desperto”, descobriu a resposta nas práticas meditativas e na conexão do homem com todos os seres do universo. “Buda é uma condição da mente e não apenas um nome. É se perceber conectado com tudo que existe, da árvore ao oceano. Se responsabilizar por manter uma mente sadia e feliz e apreciar a vida olhando-a com profundidade e harmonia”, enfatizou a líder religiosa.
Como funcionária pública há 36 anos e monja há 10, Heishim ressaltou que as práticas meditativas não devem ser exercidas para criar um mundo paralelo e sim para trazer os benefícios para a vida cotidiana. Dessa maneira, é fundamental cuidar do que se passa na mente e escolher bem as palavras a serem usadas, principalmente no ambiente de trabalho. “Devemos criar uma mente de contentamento e harmonia e entender o privilégio que temos em trabalhar na área pública. De poder servir à sociedade e garantir que as políticas públicas cheguem a todos. Temos a obrigação de ser criativos e felizes e não frustrados e sem ânimo”, finalizou a monja.
Em sua manifestação, o sheik Jihad Hammadeh fez uma pequena oração e agradeceu a todos os presentes na solenidade. Em seguida, ensinou que “a dignidade está relacionada em se fazer o bem; não ser só bom, pois ser bom é fácil, o difícil é ser benfeitor para o outro, e o outro aqui é o outro ser humano, que vive ao seu lado, ou o meio ambiente”. O dirigente muçulmano falou dos ensinamentos que são importantes para viver com dignidade e em paz com todos em sociedade. “As pessoas falam que o amor supera tudo, no casamento, por exemplo. Não é fato. Muitas vezes há violência, amando; há injustiça, amando. Porém, se não tiver amor, mas tiver respeito, já basta. O mínimo necessário é respeitar o outro, que significa fazer justiça com ele. Sermos justos e respeitosos, primeiro com Deus, depois comigo e com o próximo e seremos felizes e teremos dignidade”, descreveu ele.
Finalizando sua exposição na cerimônia inter-religiosa, o sheik Jihad Hammadeh abordou questões que interferem nas relações sociais atualmente: “O respeito é importante e foi para isso que Deus enviou os profetas, para nos ensinarmos que não sou obrigado a amar ninguém, mas eu sou obrigado a respeitar o próximo. Nós acreditamos que o respeito venha antes que os demais sentimentos. Com respeito, podemos viver bem com todos, mesmo discordando deles, para termos uma sociedade mais justa, melhor, respeitosa e harmônica”, afirmou ele.
O padre José Bizon, em sua oratória, citou uma passagem da vida de Jesus Cristo, quando questionaram sobre o maior mandamento de Deus, e Ele respondeu: amar a Deus sobre todas as coisas e a seu próximo como a si mesmo. “Quando pararmos de atirar pedras ao invés de estender a mão ao nosso próximo, o mundo será melhor, porque a dignidade está aí, no respeito a esse mandamento. Dessa forma, construiremos uma sociedade mais humana, justa e fraterna”, acrescentou o padre.
Em sua mensagem, Mãe Carmen de Oxum, sacerdotisa do Candomblé, ressaltou a importância da convivência entre os diferentes, o respeito acima das divergências religiosas. Ela afirmou lamentar não apenas a discriminação lançada sobre a sua religião, mas qualquer forma de discriminação. Para a sacerdotisa, apesar das diferenças que nos distinguem, devemos amar a todos. “Que você ame seu irmão, demais parentes ou estranhos como eles são e não como gostaria que fossem”, concluiu ela.
Encerrando a celebração, o presidente do TCMSP, conselheiro João Antonio da Silva Filho, frisou que a dignidade humana implica necessariamente falar de solidariedade. “E para falar de solidariedade temos que falar de amor e fraternidade”. Citando o escritor checo Franz Kafka, João Antonio afirmou que solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana, e não combina com individualismo competitivo que marca a sociedade atual. “Solidariedade significa estendermos as mãos a todos, independente da sua opção religiosa, sua opção sexual, sua cor de pele ou classe social”, destacou, acrescentando que o individualismo competitivo enraizado em nossa sociedade leva a todo tipo de discriminação. “A ideia de solidariedade humana é premissa fundamental para um mundo melhor no futuro”, destacou.
Lembrando as palavras do papa João XXIII, o presidente do TCMSP afirmou que o pontífice acresceu aos pilares do Estado, além dos conceitos de povo, território e marcos legais, a finalidade de que esse promova o desenvolvimento integral da pessoa humana. “E essa preocupação vai em direção da mesma determinação da solidariedade entre os seres humanos, e esses estão no centro das preocupações de todas as confissões religiosas”, afirmou ele.
O conselheiro presidente João Antonio terminou sua mensagem de Natal e de Ano Novo lendo um poema do poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, um libelo contra a visão hobbesiana de que só a “mão pesada” do Estado é capaz de impedir a guerra de todos contra todos. Diz o poema: “Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar”.
O final da cerimônia foi marcado pela apresentação do coral São Luiz Gonzaga, da Associação Bênção da Paz, regido pelo maestro Cláudio Veloso e formado por crianças entre 6 e 14 anos.
Igreja Católica participa da XVIII Assembleia Geral Ordinária do CONIC
31/05/2019
Nos dias 28 a 30 de maio, na casa Sagrada Família, em São Paulo, SP, realizou-se o Seminário Diversidade Reconciliada na Mesa Comum motivando a abertura da XVIII Assembleia Geral Ordinária do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).
Inspirados pelo texto de Efésios 2,14 “É Ele, com efeito que é a nossa paz … destruiu o muro da separação: o ódio” participaram do momento, membros fraternos (organizações ecumênicas no Brasil), regionais ecumênicos do CONIC e as delegações de suas Igrejas-membro, que são: Aliança de Batistas do Brasil – ABB; Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR; Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB; Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB; Igreja Presbiteriana Unida – IPU; Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia – ISOA.
Por parte da delegação Católica compareceram o diácono Augusto César Silva Pereira, o padre Clair José Lovera, Edoarda Sopelsa Scherer, Izaías de Souza Carneiro, padre José Bizon, Maria José Jordão, Nilda de Assis Cândido, padre Volnei Carlos de Campos e o arcebispo de Feira de Santana (BA), dom Zanoni Demettino Castro. Ainda se fizeram presentes, integrando a atual Diretoria do Conic, dom Teodoro Mendes Tavares, como tesoureiro, e Therezinha Motta Lima da Cruz, como segunda vice-presidente.
O momento foi oportuno para se reconhecer os caminhos já percorridos para o ecumenismo no Brasil e partilhar sobre os desafios atuais que se apresentam para a continuidade do diálogo fraterno.
Na nova diretoria do CONIC, gestão 2019 -2022, assumem o pastor Inácio Lemke (IECLB) – presidente, a presbítera Anita Sue (IPU) – primeira vice-presidente, o padre José Bizon (ICAR)- segundo vice-presidente, a reverenda Magda Guedes (IEAB) – secretária e o pastor Mayrinkellison Peres Wanderley (ABB)- tesoureiro. Compõe o Conselho Fiscal: Edoarda S. Scherer (ICAR), reverenda Tatiana Ribeiro (IEAB) e Maria Aparecida Almeida (IECLB).
Na ocasião, Dom Manoel João Francisco, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou cumprimentos por parte da Comissão e agradeceu “os esforços expedidos e os trabalhos realizados pela atual diretoria, ao mesmo tempo que saúda com vibração a diretoria que deverá ser eleita”. Almejando que “no espírito da Semana de Oração pela Unidade Cristã, a Comissão deseja que o CONIC não deixe nunca de “procurar a justiça e nada mais além da justiça” (Dt 16, 11-20)”.
Creditos -Por Edoarda S. Scherer
http://www.cnbb.org.br/igreja-catolica-participa-da-xviii-assembleia-geral-ordinaria-do-conic/
=======================================================================================
Entrevista da Revista Isto é . Onde as religiões se encontram
Onde as religiões se encontram
Na Casa da Reconciliação, representantes de diversas crenças unem-se para mostrar que é possível conviver pacificamente mesmo quando a fé é diferente.
O riso corre solto entre o cônego José Bizon, o judeu Raul Meyer, o muçulmano Atilla Kus e Ruth Junginger de Andrade, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como Igreja Mórmon. É hora da foto que ilustra esta reportagem e o quarteto se diverte enquanto tenta seguir a orientação do fotógrafo. Eles estavam na sala de estar da Casa da Reconciliação, em São Paulo, um lugar pertencente à Igreja Católica aberto ao diálogo inter-religioso. Dito assim, de maneira mais formal, parece algo burocrático. Quem conhece o lugar e os vê juntos, brincando uns com os outros, descobre o que é na prática o significado do respeito à crença alheia e, principalmente, que é possível conviver com o diferente. Afinal, apesar das distinções entre as religiões, todos eles desejam a mesma coisa: “tikun olam”, a expressão judaica que significa trabalhar para melhorar o mundo e torná-lo mais harmonioso. “Esta é a lição mais importante do nosso trabalho”, afirma Bizon.
Além dos católicos, judeus e muçulmanos, participam das atividades representantes de outras religiões de origem cristã, como os mórmons e os luteranos, de raízes africanas, como a umbanda e a ioruba, e também do budismo. O objetivo é divulgar às pessoas que o amor ao próximo é o denominador comum às religiões e não o contrário. “O desconhecimento das pessoas em relação às religiões é o grande problema”, diz Raul Meyer, diretor da Federação Israelita de São Paulo na área do Diálogo Inter-religioso. “Há a formação de uma minoria que radicaliza enquanto a maioria silencia.”
O mundo, de fato, está repleto de um ódio religioso que grita nas redes sociais e que, de tempos em tempos, produz tragédias em nome de Deus. A última aconteceu na sexta-feira 15, na Nova Zelândia, quando um atirador matou 50 pessoas em duas mesquitas na cidade de Christchurch. O sentimento de raiva está calcado em falta de informação e em estereótipos sem sentido, como o de que muçulmanos são terroristas. Nada está tão longe da religião, fundamentada na prática do amor e na valorização da vida. “Quando alguém de nossa religião mata, ele perde sua essência de muçulmano porque, para nós, ser muçulmano significa respeitar a vida”, explica o turco Atilla Kus, secretário-geral do Centro Islâmico e de Diálogo Inter-religioso e Intercultural.
Até há alguns anos, o Brasil parecia estar distante das ondas de ódio religioso. No entanto, o fenômeno ganha terreno aqui e tem como alvo principal as religiões de matriz africana. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos humanos, entre 2011 e 2016 as denúncias de intolerância religiosa cresceram 4.960% no País. A maioria dos ataques (178) foi contra integrantes de crenças de raiz africana. Às vezes, a impressão é que se trata de uma guerra na qual só o lado da raiva é vitorioso. Mas trabalhos como os da Casa da Reconciliação evidenciam que há uma contrapartida forte transmitindo a mensagem da convivência pacífica. “Somos todos filhos de Deus que podem se unir em favor do amor e não do ódio”, diz Ruth de Andrade, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. E conviver significa respeitar as diferenças de práticas. “Quando me encontro com a mãe de santo, peço a sua benção”, conta a monja Heishin, praticante do zen-budismo.
Todos os meses, eles reúnem as famílias em um almoço para o qual cada um leva pratos comuns às suas origens. No início, há cerca de dois anos, havia certo estranhamento entre judeus e muçulmanos. Hoje, homens, mulheres e crianças interagem como amigos, demonstrando que nenhuma distinção religiosa torna um ser humano diferente ou melhor do que o outro. As mulheres, inclusive, preparam um livro com receitas de refeições partilhadas nos encontros. Praticantes de outra fé já participaram do Ramadã, período no qual os muçulmanos jejuam de dia e alimentam-se depois do por do sol. Eles são convidados pela comunidade, que tem o cuidado, inclusive, de incluir no cardápio a comida kosher consumida pelos judeus. É com gestos assim que o ódio religioso será combatido. Ou com atitudes como a da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. Um dia após os ataques, ela foi até os familiares das vítimas. Cobrindo a cabeça com um lenço preto disposto como o hijab das muçulmanas, ela não falou nada. Apenas abraçou os que sofriam, levando a eles, em cada abraço, a solidariedade do mundo todo.
APOIO Um dia após os ataques na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda levou sua solidariedade às vítimas (Crédito:Hagen Hopkins)
VEJA ENTREVISTA NO LINK: https://istoe.com.br/onde-as-religioes-se-encontram/
postagem 22/03/2019
Dom Pagano: abertura arquivos mostrará a todos a grandeza de Pio XII
A abertura dos arquivos sobre Pio XII, decidida pelo Papa Francisco, permitirá um estudo aprofundado sobre o Papa Pacelli, muitas vezes superficialmente criticado. Foi o que disse o prefeito do Arquivo Secreto Vaticano. Em um ano estarão disponíveis os documentos do Papa, da Cúria e das representações pontifícias de 1939 a 1958.
O Papa Francisco, recebendo em audiência os superiores, os funcionários e os colaboradores do Arquivo Secreto Vaticano, anunciou nesta segunda-feira (04/03) seu desejo de abrir os arquivos da Santa Sé relativos ao pontificado de Pio XII em 2 de março de 2020. Os pesquisadores qualificados poderão assim tomar visão de uma grande quantidade de documentos recolhidos no Vaticano no período que vai de 2 de março de 1939 a 9 de outubro de 1958. É um anúncio há muito esperado por estudiosos que coincide com o octogésimo aniversário da eleição de Eugenio Pacelli.
Os detalhes da iniciativa estão descritos em um artigo de Dom Sérgio Pagano, Prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, publicado na edição do L’Osservatore Romano desta segunda-feira e antecipado pela Sala de Imprensa da Santa Sé. “A importante iniciativa do Papa Francisco – escreve Dom Pagano no artigo – teve um longo período de preparação, durante o qual os arquivistas do Arquivo Secreto Vaticano e seus colegas em outros arquivos do Vaticano realizaram um paciente trabalho de ordenamento, pequisa e inventário dos muitos documentos “.
O prefeito recorda que, em 2004, São João Paulo II, já tinha disponibilizado aos pesquisadores documentos do Serviço Vaticano Informações sobre os prisioneiros de guerra (1939-1947) do Arquivo Vaticano, “composto por 2.349 unidades de arquivo, divididas em 556 envelopes, 108 registros e 1.685 caixas de documentos, com um arquivamento em ordem alfabética, o que equivale a cerca de 2 milhões e 100 mil fichários nominativos, relativos aos militares e aos civis prisioneiros, dispersos ou internados, dos quais se estavam procurando notícias. Documentos ainda muitos solicitados por parte de estudiosos privados ou de parentes dos prisioneiros mortos”.
Após a abertura do pontificado de Pio XI (1922-1939) em 2006, por desejo de Bento XVI, “já se trabalhava para a progressiva preparação do material documental de Pio XII, que muitos estudiosos solicitavam com crescente insistência”. A quantidade de trabalho “foi certamente enorme” e o trabalho durou até hoje. Na sequência da decisão do Papa Francisco “serão abertas – explica o prefeito Pagano – até outubro de 1958 o Arquivo Secreto Vaticano, o Arquivo Histórico da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, O Arquivo Histórico da Congregação para a Doutrina da Fé, o Arquivo Histórico da Congregação para a Evangelização dos Povos, o Arquivo Histórico da Congregação para as Igrejas Orientais, os Arquivos da Fábrica de São Pedro e, segundo modalidades e formas e diferentes de acesso, também outros Arquivos Históricos de Congregações, de Dicastérios, Escritórios e Tribunais, a critério de seus relativos superiores”.
Cada um desses arquivos tem suas próprias regras, sistemas de reservas e naturalmente índices e inventários relativos à sua documentação que agora se torna disponível.
Limitando-se a descrever apenas as novas fontes do Arquivo Secreto que estarão disponíveis para os estudiosos, Dom Pagano menciona cerca de 151.000 posições (cada uma dos quais consiste de dezenas de folhas) da Secretaria de Estado. Destes documentos, foram preparadas precisas descrições informáticas também disponíveis em papel (são 68 volumes de índices). Depois, há os chamados “envelopes separados”, que conservam a documentação por temas ou instituições, organizados pela Secretaria de Estado, em “um total de 538 envelopes, dos quais será feita uma lista descritiva precisa”. Da mesma fonte, “as 76 unidades chamadas agora Cartas Pio XII, conterão manuscritos de Eugenio Pacelli antes do pontificado e durante o pontificado, assim como os textos de seus muitos discursos, às vezes com correções autógrafas”. Há também três outros consistentes “arquivos especiais”. O primeiro é o da Comissão de Socorro, o segundo é simplesmente chamado de Beneficência Pontifícia, e o terceiro é o do Escritório Migração, criado para enfrentar o problema da repatriação de vários prisioneiros e refugiados, bem como o crescente problema da migração causada pela pobreza de certos Países europeus.
Estarão também disponíveis os documentos de representações pontifícias: “De cada representação pontifícia foi preparado o inventário detalhado, guia indispensável para o pesquisador (cerca de 81 índices num total de mais de 5.100 envelopes). Também esses inventários poderão ser consultados na rede intranet do Arquivo Vaticano para comodidade dos estudiosos e para facilitar a sua pesquisa em vários campos”.
Em suma, uma obra gigantesca de catalogação “à qual se dedicaram com constância e exclusividade vinte funcionários do Arquivos Vaticano, auxiliados também, sempre que possível, por graduados diplomados na Escola de Paleografia, Diplomática e Arquivo do mesmo Arquivo Secreto. “E o mesmo discurso vale também para os outros arquivos históricos da Cúria Romana que serão agora abertos sobre o pontificado de Pacelli. “Certamente um grande esforço – escreve ainda Dom Pagano – mas creio que seja um esforço sustentado pelo grande entusiasmo, porque se tinha consciência de trabalhar em prol da futura pesquisa histórica em relação a um período crucial para a Igreja e para o mundo. Esses documentos falaram, falam, e eu espero que falarão aos pesquisadores e aos historiadores de uma quase sobre-humana obra de cristão “humanismo” (falou-se de “diplomacia da caridade”), ativa na conglomeração tempestuosa daqueles eventos que, em meados do século XX, pareciam determinados a aniquilar a própria noção de civilização humana”.
“Sobre esse triste, ou melhor terrível cenário – conclui o prefeito do Arquivo Secreto Vaticano – seja antes da última guerra, seja durante seu trágico desenvolvimento, seja depois dela, se destaca com conotações próprias a grande figura de Pio XII, muito superficialmente julgada e criticada por alguns aspectos do seu pontificado. Agora, graças também à recente abertura desejada com confiança pelo Papa Francisco, creio que a sua figura possa encontrar entre os historiadores quem a saiba investigar, sem preconceitos, e com a ajuda dos novos documentos, toda a sua real abrangência e riqueza”.
A pesquisa no Arquivo Secreto Vaticano, como indicado no website (http://asv.vatican.va/content/archiviosegretovaticano/it/consultazione/accesso-e-consultazione.html) é “gratuita e aberta a estudiosos qualificados, que tenham interesse em realizar investigações científicas. A exigência é a posse do título de Licenciatura (cinco anos) ou de outro diploma universitário equivalente (para os eclesiásticos o diploma ou o doutorado)”. É necessário dirigir o pedido ao prefeito, indicando as razões para a pesquisa e acompanhar o pedido com uma “carta de apresentação de um Instituto de pesquisa histórico-cientifico acreditado ou de uma pessoa qualificada no campo da pesquisa histórica (Professor titular de cátedra universitária)”. Deve também anexar o certificado do último título acadêmico obtido
CRÉDITOS; Sergio Centofanti – Cidade do Vaticano
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2019-03/dompagano-abertura-arquivos-mostrara-todos-grandeza-pio-xii.html
Papa anuncia abertura dos arquivos do Pontificado de Pio XII
Papa anuncia abertura dos arquivos do Pontificado de Pio XII
Raimundo de Lima – Cidade do Vaticano
“Decidi que a abertura dos Arquivos Vaticanos referentes ao Pontificado de Pio XII se dará em 2 de março de 2020, exatamente à distância de um ano do octogésimo aniversário da eleição de Eugenio Pacelli à Cátedra de Pedro.”
Foi o anúncio feito pelo Papa Francisco ao receber em audiência ao meio-dia desta segunda-feira (04/03) na Sala Clementina, no Vaticano, os responsáveis e os funcionários do Arquivo Secreto Vaticano, um grupo de 75 pessoas.
Dirigindo-se ao prefeito, vice-prefeito, arquivistas, assistentes e funcionários do Arquivo Secreto Vaticano situou o encontro por ocasião da alegre celebração, sábado passado, dos oitenta anos da eleição a Sumo Pontífice, em 2 de março de 1939, do Servo de Deus Pio XII.
Figura de Pio XII hoje oportunamente colocada na justa luz
A figura daquele Pontífice, que conduziu a Barca de Pedro num momento entre os mais tristes e sombrios do Séc. XX, agitado e em vários lugares dilacerado pelo último conflito mundial – disse o Santo Padre –, com o período consequente de reorganização das Nações e a reconstrução pós-bélica, esta figura foi questionada e estudada em vários seus aspectos, por vezes colocada em discussão e até mesmo criticada (se diria com alguns preconceitos ou exageros). Hoje essa figura é oportunamente reavaliada e, aliás, colocada na justa luz por suas poliédricas qualidades: sobretudo pastorais, mas também teológicas, ascéticas, diplomáticas, enfatizou.
Em seguida, Francisco ressaltou ao presentes que por desejo do Papa Bento XVI eles estão desde 2006 trabalhando num projeto comum de inventário e preparação da volumosa documentação produzida durante o Pontificado de Pio XII, a qual em parte seus veneráveis predecessores São Paulo VI e São João Paulo II já tornaram consultáveis.
Trabalho dos arquivistas no silêncio e distante dos clamores
Referindo-se à atividade desempenhada por todos eles, o Papa destacou que se trata de um trabalho que se realiza no silêncio e distante dos clamores, cultiva a memória, e num certo sentido, disse, “me parece que possa ser comparado à cultivação de uma árvore majestosa, cujos ramos estão voltados para o céu, mas cujas raízes estão solidamente fincadas na terra”.
“Se compararmos essa árvore à Igreja, vemos que ela está voltada para o Céu, onde se encontra a nossa pátria e o nosso último horizonte; as raízes, porém, fincam no terreno da própria Encarnação do Verbo, na história, no tempo”, disse ainda.
“Vocês, arquivistas, com sua paciente fadiga trabalham sobre essas raízes e contribuem para mantê-las vivas, de tal modo que também os ramos mais verdes e mais jovens da árvore possam ter boa seiva para seu crescimento no futuro”, acrescentou.
Arquivo completo do Pontificado de Pio XII
“Este constante e não leve esforço, de vocês e de seus colegas, me permite hoje, em recordação daquela significativa data, anunciar a minha decisão de abrir à consulta dos pesquisadores a documentação arquivística atinente ao Pontificado de Pio XII, até sua morte, ocorrida em Castel Gandolfo em 9 de outubro de 1958.”
Assumo essa decisão, continuou Francisco, “tendo ouvido o parecer de meus mais estreitos colaboradores, com ânimo sereno e confiante, certo de que a séria e objetiva pesquisa histórica saberá avaliar na justa luz, com crítica apropriada, momentos de exaltação daquele Pontífice e, sem dúvida, também momentos de graves dificuldades, de decisões difíceis, de humana e cristã prudência, que a alguém poderá parecer reticência, e que ao invés foram tentativas, humanamente também muito difíceis, para manter acesa, nos períodos mais sombrios e de crueldade, a chama das iniciativas humanitárias, da silenciosa, mas ativa diplomacia, da esperança em possíveis boas aberturas dos corações”.
Igreja não tem medo da história
“A Igreja não tem medo da história, aliás, a ama e quer amá-la mais e melhor, como Deus a ama! Portanto, com a mesma confiança de meus Predecessores, abro e confio aos pesquisadores esse patrimônio documentário.”
O Santo Padre concluiu encorajando os responsáveis e funcionários do Arquivo Secreto Vaticano, bem como os professores da Escola Vaticana de Paleografia, Diplomática e Arquivística, a prosseguir no trabalho de assistência aos pesquisadores – assistência científica e material – e também na publicação das fontes do Papa Pacelli que serão consideradas importantes, como já o estão fazendo há alguns anos.
CRÉDITOS: Raimundo de Lima – Cidade do Vaticano